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Pandemia x obesidade infantil: qual a relação entre elas?

Nutricionista do Sesc Cidadania explica que a desinformação dos pais, aliada à facilidade de alimentos via delivery e a maior permanência em casa, proporcionam um consumo de alimentos pobres em nutrientes


Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) concluiu que o distanciamento social, adotado como medida de segurança contra a Covid-19, contribuiu para o aumento dos índices da obesidade infantil. Segundo a nutricionista do Sesc Cidadania, Francisca Malvina, a desinformação dos pais e cuidadores, aliada à facilidade de aquisição de alimentos via delivery, como fast food, e a maior permanência em casa, proporcionam um consumo elevado de alimentos pobre em nutrientes.

“A obesidade infantil subiu de 48% para 52% no Brasil e são vários os fatores para o aumento desse indicie”, explica a nutricionista. De acordo com ela, as pessoas em estado de isolamento social tendem a aumentar a ansiedade e, consequentemente seu nível de estresse também se elevam. A convivência social limitada e a falta de contato com os colegas, especialmente os de convívio regular, como os da escola, dificultam essa acomodação interna dos fatos vivenciados.

“Isso contribui para que os ciclos fisiológicos ficam alterados, os hormônios se desequilibram e o sono tende a não ficar regular. Para compensar esse estado de ansiedade e insegurança, pais tendem a oferecer às crianças algo que os alegra e traga um prazer imediato, tipo confort food”, pontua Francisca Malvina.

Conforme a especialista, essa compensação emocional via alimento estimula a criança a se alimentar fora dos horários usuais, petiscando mais vezes, ingerindo geralmente alimentos ultraprocessados em grande quantidade, elevando a carga calórica consumida com preparações ricas em açúcar e gorduras.

A obesidade é considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças acima do peso têm mais chances de se tornarem adultos também obesos. A consequência disso é o aparecimento de diversas doenças, como diabetes, problemas ortopédicos, distúrbios psicológicos, doenças cardiovasculares e hipertensão.

“A chance de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é de 50%, e para evitar que isso aconteça, a primeira medida é: dar o exemplo. Resgate a comensalidade familiar realizando as refeições à mesa, se possível com a família reunida, criando assim memórias afetivas desse momento. Expõe a criança a alimentos saudáveis desde os primeiros meses de vida, ampliando sua autonomia alimentar. Invista numa alimentação balanceada e equilibrada e planeja as refeições da família”, ressalta a nutricionista.

De acordo com ela, é importante envolver a criança no processo alimentar e evitar de estocar industrializados em excesso. Além disso, ela orienta que a família estabeleça uma rotina saudável, com horários para se alimentar, brincar e dormir.