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Mostra "Espelhos de outros Brasis" exibirá cinco filmes de Washington Novaes no Fica 2021

Produções estão disponíveis para reprodução no canal da Secult Goiás no Youtube


Washington Novaes tem uma trajetória única no jornalismo brasileiro possivelmente porque sempre se negou a ocupar lugares de conforto. Poderia ter facilmente seguido carreira na TV Globo, depois de passar pelo Globo Repórter e pelo Jornal Nacional, mas decidiu se mudar para Goiânia e encarar o desafio quase utópico de conduzir um jornal em moldes participativos - o Diário da Manhã - , como achava que um jornal diário deveria ser feito. 

Foi também assim que recusou o conforto das pautas quentes nas redações e começou a tratar de temas como meio ambiente e povos indígenas, quando ainda não eram parte dos assuntos do jornalismo.

Ainda no Globo Repórter, seu Amazonas, a Pátria da Água, filme que abriu o festival, já abordava também de forma inovadora aquela região, procurando olhá-la pelo viés da relação entre seus habitantes e os recursos naturais, e não apenas como natureza intocada e território desconhecido e desocupado.

Nessa mesma direção, veio a série que o consagrou quando, em 1985, encantou o Brasil, revelando toda a riqueza das culturas indígenas do Xingu, e trouxe os povos indígenas para o horário nobre da televisão brasileira.

Transformado pela experiência, Washington passou a olhar para as sociedades indígenas como uma espécie de utopia viva, exemplos de outras possibilidades humanas, da liberdade possível para o indivíduo e da convivência respeitosa com o outro e a natureza.

O jornalista que faleceu no ano de 2020 é um dos homenageados da 22º edição do Fica. Para valorizar o legado deixado por ele, foi criada uma mostra especial para exibir importantes produções dirigidas por Washington durante sua trajetória.

Intitulada “Espelhos de outros Brasis”, a mostra traz alguns de seus documentários menos conhecidos e há muito não exibidos, transparecendo o olhar de encantamento com os índios e com o mundo natural e também a busca da arte como linguagem para ir além daquilo que o jornalismo e o documentário conseguem. Em todos eles, há a presença do artista plástico Siron Franco, amigo dos primeiros dias de chegada a Goiás, e parceiro constante nos trabalhos de Washington.

São, por isso, de certa forma, espelhos de outros brasis, mostrando personagens, lados e lugares até então pouco conhecidos de nosso país, num olhar que mistura a razão jornalística a um encantamento pela via da arte.

Os filmes da mostra especial estarão disponíveis para o público durante todo o evento no canal da Secult Goiás no Youtube. Abaixo, confira a sinopse das produções:


Filmes:

Xingu - A Terra Mágica
Doc,46', 1985
Direção e Roteiro: Washington Novaes
Direção de Fotografia: Lula Araújo
Som: Antonio Gomes
Produtor: José Carmo
Abertura e Arte: Siron Franco
Edição: João Paulo Carvalho e Célio Ribeiro
Produção: Intervídeo e TV Manchete
Sinopse: Este é o primeiro episódio da série Xingu - A Terra Mágica, de 1985, exibida à época pela TV Manchete. Nele, Washington nos apresenta ao universo das culturas indígenas do Xingu através dos povos Waurá, Kuikuro, Yawalapiti, Krenakrore e Metuktire, mostrando toda a sua riqueza e os desafios na relação com os brancos.

Cerrado Urgente
Doc, 57', 2003
Direção e Roteiro: Washington Novaes
Imagens: Spike
Som: Alcides Almeida
Edição: Sérgio Antônio Pereira
Direção Musical: Roberto Corrêa
Produção Executiva: Roberto Tibiriçá
Produtores: Max Eluard e João Novaes
Produção: TV Cultura
Sinopse: Este documentário é parte do projeto Biodiversidade Brasil, fruto de uma parceria entre a TV Cultura e a Natura. Neste episódio sobre o Cerrado, Washington Novaes mostra a importância da savana mais rica do planeta, que ocupa quase um quarto do território brasileiro e abriga um terço de sua biodiversidade, tomando como fio condutor sua importância para as águas no Brasil.

Os Caminhos da Sobrevivência - Pantanal
Doc, 49', 1986
Direção e Roteiro: Washington Novaes
Direção de Fotografia: Walter Carvalho e Lula Araújo
VT e Som: Antônio Gomes e Luís Teixeira
Abertura e Edição de Imagens: Marco Editoria e Paulo Célio Ribeiro
Direção de Arte: Siron Franco
Direção Musical: Egberto Gismonti
Participação Especial: Carmo Bernardes
Produção: José Carmo
Sinopse: A série Os Caminhos da Sobrevivência, produzida pela extinta TV Manchete, foi pioneira em trazer para o horário nobre da TV brasileira a temática ambiental, mostrando tanto a riqueza dos biomas brasileiros, quanto sua degradação. Washington Novaes assinou a direção geral e a direção dos dois primeiros episódios, sobre o Pantanal Matogrossense. Os outros episódios foram dirigidos por Sílvio Tendler, sobre a ocupação de Rondônia, Eduardo Coutinho, sobre o Rio Tietê, e José Antônio Menezes, sobre agrotóxicos.

Siron Franco - Especial
Doc, 55', 1988
Direção e Roteiro: Washington Novaes
Roteiro Dramático: Eloí Calage
Diretoras assistentes: Lisa França, Mara Moreira e Thaís Maria
Direção de Fotografia: Washington Araújo e Reginaldo Oliveira
Edição: Sérgio Antônio Pereira
Produção: TV Brasil Central
Sinopse: Entre 1987 e 1988, Washington Novaes coordenou um inédito núcleo de documentários na TV Brasil Central, à época afiliada da TV Bandeirantes em Goiás, hoje afiliada da TV Cultura. Este documentário sobre o artista plástico Siron Franco foi uma das produções que resultaram dessa iniciativa. Nele, em meio a performances de Siron e dramatizações de episódios importantes de sua vida, entendemos como se construíram suas influências e a visão que pauta seus trabalhos únicos e internacionalmente reconhecidos.

Kuarup - Adeus ao Chefe Malakwyauá
Doc, 60', 1988
Direção e Roteiro: Washington Novaes
Direção de Fotografia: Lula Araújo
VT e Som: Antonio Gomes
Produção: Intervídeo e TV Manchete
Sinopse: Em 1987, Washington Novaes retornou ao povo Waurá, na Terra Indígena do Xingu, para documentar o Kuarup, a grande festa dos mortos dos povos xinguanos, onde seria homenageado o chefe Malakwyauá, falecido no ano anterior, que fora um dos personagens da série Xingu - A Terra Mágica. O resultado foi uma nova série em cinco episódios, dos quais este é o primeiro.


Fica 2021
Promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás), com apoio do Serviço Social do Comércio (Sesc), o evento continua até domingo, 19 de dezembro, encerrando com e show do músico Renato Teixeira. Foram investidos R$1,5 milhão pela gestão estadual e quase R$ 340 mil pelo Sesc Goiás.

Neste ano, o formato acontece de forma híbrida: as oficinas e mesas de debate serão realizadas de forma presencial, enquanto as mostras cinematográficas e algumas apresentações artísticas estarão disponíveis nas plataformas digitais. Clique aqui e confira a programação completa.